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FUNDAÇÃO DE AMPARO 08/04/1829

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Com transformação da Capela de N. S. do Amparo em Capela Curada, na data acima, Amparo marcou a data de sua fundação, tornando-se “Freguesia”.

Houve o requerimento do povo dirigido ao Bispo e de S. Paulo, Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade, que despachou favoravelmente.

Os termos desse requerimento vão abaixo descrito:



1829 - Ereção da Capela de Nossa Senhora do Amparo em Capela Curada, por provisão de D. Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade, Bispo de São Paulo, tendo em vista o “Requerimento do povo”: “Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor. Dizem os vizinhos da Capela de N. S. do Amparo, termo da Vila de Bragança, que eles obtiveram da benignidade de V. Excia, o criar e erigir em Capela Curada a dita Capela para maior cômodo espiritual dos suplicantes, designando-lhes limites: portanto suplicam e pedem a V. Excia. Ver. Seja servido mandar-lhes passar Provisão na forma do estilo. E receberão mercê”. Nesse documento figura o despacho: “Passe Provisão. S. Paulo, 8/4/1829, Manuel, Bispo” “A Provisão da Capela Curada a Capela de N. Sra. Do Amparo do Termo de Vila Bragança D. Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade por mercê de Deus, e confirmação as Santa Fé Apostólica Bispo de S. Paulo do Cons. de sua Majestade Imperial etc. etc. etc.. Aos que N. Provisão VIREM, Saúde, e Benção em o Senhor. Fazemos saber que atendendo N. ao que pr. pamo, representarão os Vizinhos da Capela de Nossa Senhora do Amparo, Termo da Vila de Bragança deste N. Bispado. Haveremos por bem pela presente erigir a dita Capela em Curada, designando-lhe Limites, e mandamos que todos que forem Compreendidos nos Limites da dita Capela sem obediência ao Ver. Capelão delas, ficando desonerados de serem chamados para as Freguesias donde são desmembrados. E para constar será esta apresentada aos R. R. Párocos circunvizinhos, e publicada na mencionada Capela a Estação da Missa Conventual em três dias Festivos. Dada em S. Paulo sob N. Sinal, e Selo das Nossas Armas aos 8 de Abril de 1829. Eu, o Pe. Fernando Lopes de Camargo. Escrivão Ajudante de Comissão de S. Exma. Revma. Escrevi Manuel Bispo Barbosa Chan”.



Antes de 1829, quando se tornou CAPELA CURADA, já havia um núcleo de povoação e uma capela construída às margens do rio Camandocaia. Por isso, é muito provável que no século XVIII tenha havido pessoas estabelecidas no local.

Amparo 1829.png

Mapa de Amparo em 1829

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    Amparo e sua importância na história do Brasil

Amparo é uma hoje uma cidade de médio porte e de escassa influência política. Mas nem sempre foi assim; no período que mediou entre 1870 e 1930 a cidade foi uma das mais prósperas do país e teve participação importante, às vezes até decisiva, na vida política do país. O café e a intensa atividade política da elite local deram a ela uma posição privilegiada nas últimas décadas do século XIX, junto com Campinas e Itu.

 

Amparo foi um dos ninhos onde foram geradas a Abolição e a República. Três dos membros de nossa Câmara Municipal governaram o Estado: Bernardino de Campos, Peixoto Gomide e Carlos de Campos. E convém lembrar que descendem de amparenses dois prefeitos da cidade São Paulo: Francisco Prestes Maia, este nascido aqui, e Wladimir de Toledo Piza, serrano, mas neto de amparense; uma dezena de deputados estaduais aqui nasceram ou viveram parte de suas vidas. Antônio Francisco de Paula Sousa, Ministro da Agricultura, autor do primeiro projeto de abolição da escravatura, e seu filho, de igual nome, fundador da Escola Politécnica e dos cursos profissionalizantes no Brasil, aqui residiam em 1853.

 

Noutros campos da atividade humana, amparenses ou seus filhos também se destacaram. Laudo de Camargo presidiu o Supremo Tribunal Federal; D. Sebastião Leme da Silveira Cintra, neto de Francisco da Silveira Franco, um dos fundadores da cidade, foi o segundo cardeal brasileiro; o alienista Franco da Rocha é patrono da Psiquiatria no Brasil. E, em nossos dias, Gilberto Bueno Schliter Silva foi Subsecretário Geral da Organização das Nações Unidas.

 

Nos esportes basta lembrar que Maria Ester Bueno, também neta de Silveira Franco, foi tricampeã em Wimbledon e Maria Lenk, recordista mundial de natação, aqui foi professora de educação física, além das dezenas de astros do futebol que aqui nasceram. Sérgio Jorge e Carlos Vilasboas são fotógrafos de fama internacional. E seria uma lista infindável mencionar escritores, poetas, cientistas, professores universitários e profissionais liberais nascidos em Amparo.

 

Sim, Amparo é uma pequena cidade, mas tem um grande povo!

 

A crise de 1929, que arruinou economicamente os cafeicultores, e a revolução de 1930, que destruiu seu poder político, levaram Amparo a uma posição muito mais modesta no cenário do Estado de São Paulo.

 

Apesar disso, a vocação política de seu povo e até sua localização geográfica próxima à capital, de vez em quando a trazem de volta ao primeiro plano dos acontecimentos. Foi um grupo de amparenses, liderado por Antônio Andreta e Adib Feres Sad, que lançou a candidatura de Jânio Quadros ao governo do Estado. Ao lado disso, as fazendas do governador Carvalho Pinto e do deputado Herbert Levy foram palco de dezenas de reuniões políticas na década de 1950, trazendo ao Amparo figuras como o governador Carlos Lacerda, o Brigadeiro Eduardo Gomes, o Ministro Prado Kelly e inúmeros outros líderes nacionais.

 

Mesmo durante os vinte anos de regime ditatorial, as oposições amparenses lutaram bravamente, mantendo acesa a luz da liberdade e da dignidade humana. Vários integrantes do MDB local foram presos na década de 1970, assim como elementos ligados ao PCB e aos movimentos sindicais.

 

Por isso, a idéia deste trabalho é descrever a vida política do município, centrando-a na sua Câmara Municipal, sem esquecer os demais ambientes que influíram na sua evolução.

 

Este primeiro esboço abrange apenas o período do Império, mas se Deus nos der vida e saúde, pretendemos elaborar outros dois: um sobre a República Velha, abrangendo de 1889 a 1930, e outro que se estenderá até nossos dias. Dificuldades no acesso à documentação em poder da Secretaria Municipal de Cultura e do Museu Bernardino de Campos limitaram até agora o alcance deste trabalho. Esperamos que as coisas melhorem de ora em diante…

 

Aproveitamos para agradecer a valiosa colaboração da nossa Câmara Municipal, por seus dirigentes e funcionários, que tem gentilmente facilitado nossa pesquisa.

Amparo Antiga.png

Onças e Índios.

 

A cidade do Amparo nasceu de uma pequena povoação iniciada em época indefinida, mas seguramente anterior a 1770, na margem do Camanducaia, à beira de um caminho que ligava a Estrada do Pau Cerne e o Vale do Paraíba ao “Caminhos dos Goiazes”, passando por Atibaia. Havia milênios que a região era habitada por onças e índios e nem mesmo os bandeirantes paulistas se estabeleceram nela; o relevo montanhoso e a floresta densa desestimulavam a colonização.

 

A região passou a ser mais freqüentada no século XVIII. Uma forte e ainda mal estudada migração foi provocada pela construção do “Caminho Novo”, aberto por Garcia Rodrigues Paes, que ligou Minas Gerais ao Rio de Janeiro. Esse novo acesso ao mar deixou o Vale do Paraíba fora da rota dos mineradores e comerciantes que abasteciam Minas Gerais. Empobrecidos com a perda da freguesia, os valparaibanos se deslocaram em busca de novos eldorados, a partir das primeiras décadas do século XVIII.

 

A Estrada do Pau Cerne, que ligava Jacareí a Jundiaí, onde se iniciava a rota para Goiás, foi a saída natural para esses migrantes. Entretanto, em Atibaia, um antigo caminho, provavelmente um “peabiru” indígena, encurtava o trajeto, levando diretamente a Mogi do Campo, hoje Mogi-Guaçu, bem adiante no rumo de Goiás. Esse caminho passava pelas montanhas da Mantiqueira e atravessava o Camanducaia exatamente onde hoje está situada a Praça Jorge Pires de Godoy.

 

Ao longo dessa via foram se instalando moradores esparsos, mas já em 1768 o Morgado de Mateus, governador da Capitania de São Paulo, se queixava ao governo português de que nela havia lugares, como o “Retiro do Camanducaia”, onde o nome e a própria existência do rei eram desconhecidos do povo.

 

Porém, uma boa parte dos migrantes que deixaram o Vale do Paraíba não chegou a Goiás; estabeleceu-se em dois lugarejos ao longo do caminho das minas, dando origem às atuais cidades de Mogi-Guaçu e Mogi-Mirim.

 

Ao mesmo tempo, uma estrada entre São Paulo e Ouro Preto fora construída, passando por Bragança, então chamada de Jaguari, gerando um rápido povoamento de suas margens. Terras férteis, em meio a montanhas, criaram em Bragança uma nova fronteira agrícola, que passou a se mover para o norte, invadindo o território onde mais tarde se situou o município de Amparo.

 

Os mogianos, por sua vez, se deslocavam para sudeste, colonizando a Ressaca, hoje Santo Antônio da Posse, e alcançando os nossos atuais bairros de Pantaleão, Brumado e Duas Pontes. Neste último já penetrava também um bragantino, Felipe Pires de Ávila, que se estabelecera no Cascalho, bairro que deu origem a Pedreira.

Já na virada do século XVIII para o XIX os bragantinos se instalaram em grande número na Vargem Grande e no vale do Camanducaia, a montante dos Feixos, bloqueando pacificamente o avanço dos mogianos.

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